quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Irrelevante


Abri os olhos lentamente. Tudo o que estava no meu campo de visão era a janela que apontava para um horizonte distorcido. O sobretudo estava sobre o chão e exalava um cheiro de nicotina que preenchia o quarto. Sei lá, não fumo. Era só mais uma coisa sem sentido entre as milhares que eu não procuro entender. Fato é que eu estou cansado de procurar uma explicação lógica para a falta de nexo que o destino traz ironicamente.

Virei-me para o criado-mudo. Percebi que as flores secas do vaso de porcelana não eram trocadas mais. Estiquei meu braço e peguei minha carteira. Levantei-me, vesti um casaco e saí.

A rua estava movimentada como sempre. Passei pelas pessoas sem desejar bom dia, coloquei as mãos nos bolsos e caminhei sobre as poças d’água. Se chovesse mais tarde, não importava. O que importava era que eu não me importava mais.

Os vidros embaçados da livraria da esquina me chamaram a atenção. Entrei e comecei a folhear alguns livros. Poderia ficar ali por horas e horas, só para não voltar e encontrar tudo do avesso. Só para fugir do apego e daquele azul celestial que eu costumava sentir. Só para não pensar em você.

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